Temperatura de cultivo: estratégias para controlar o ambiente

No vasto universo do cultivo de cannabis, onde cada detalhe pode fazer a diferença entre uma colheita comum e uma colheita verdadeiramente excepcional, a temperatura emerge como uma protagonista silenciosa, porém influente. À medida que os cultivadores exploram métodos aprimorados para alcançar o ápice de potência, aroma e sabor, a compreensão íntima da termorregulação torna-se fundamental.

Portanto, especialmente para aqueles que estão iniciando seus próprios cultivos, preparamos este post que irá tratar detalhadamente tudo sobre a temperatura de cultivo. Acompanhe!

Como o ambiente impacta no cultivo da cannabis?

Antes de falarmos especificamente sobre o papel da temperatura de cultivo, é importante entendermos como cada aspecto, de forma geral, do ambiente impacta o cultivo de cannabis. Entenda:

Solo e nutrientes:

O solo serve como o alicerce para o desenvolvimento saudável da cannabis. Sua composição, textura e nutrientes disponíveis influenciam diretamente a absorção de nutrientes pelas raízes. Um solo equilibrado, rico em matéria orgânica e com os nutrientes certos, é fundamental para garantir um crescimento robusto;

Luz e fotoperíodo:

A cannabis é uma planta fotoperiódica, o que significa que seu ciclo de crescimento é sensível à quantidade de luz que recebe. A escolha da iluminação, a duração do fotoperíodo e a intensidade luminosa são determinantes para a transição entre as fases de crescimento vegetativo e floração;

Umidade e ventilação:

Níveis adequados de umidade são essenciais para prevenir problemas como mofos e doenças. A ventilação adequada não apenas regula a temperatura, mas também fortalece os caules das plantas e melhora a troca gasosa, contribuindo para um ambiente saudável e resistente;

Controle de pragas e doenças:

Um ambiente limpo e bem ventilado reduz a probabilidade de infestações por pragas e o desenvolvimento de doenças. Práticas preventivas, como a inspeção regular das plantas e a implementação de medidas para manter um ambiente hostil a insetos indesejados, são cruciais.

Qual a influência da temperatura de cultivo da cannabis?

Agora, adentrando especificamente no papel da temperatura de cultivo, ela é um fator central para a cannabis, influenciando diretamente o metabolismo da planta.

A temperatura de cultivo tem efeito, por exemplo, sobre a taxa de todas as reações químicas que acontecem dentro da planta. Tal poder se manifesta da seguinte maneira: em temperaturas mais elevadas, as moléculas tendem a se mover mais rapidamente, acelerando as reações metabólicas. Isso pode resultar num aumento na produção de metabólitos, incluindo compostos medicinais.

Por outro lado, em temperaturas ótimas tudo funciona de maneira mais eficiente; inclusive a atividade enzimática, que realiza o seu papel de catalisar as reações metabólicas, tão importantes para o crescimento e para o desenvolvimento da planta cannabis.

Além disso, temperaturas extremas podem afetar a integridade das membranas celulares. Isso pode ter impacto na permeabilidade e na estabilidade das células, afetando a absorção de nutrientes e a regulação osmótica.

A temperatura de cultivo também impacta na taxa de respiração e de fotossíntese. Visto que em temperaturas mais elevadas, a respiração tende a aumentar, levando a uma maior utilização de energia. Ao mesmo tempo, a fotossíntese pode ser otimizada, resultando numa produção mais eficiente de carboidratos.

Por último, vale citar também que o crescimento da cannabis também está sujeito à influência da temperatura. Isso acontece porque ela altera a produção das hormonas vegetais, compostos químicos que regulam o desenvolvimento das plantas.

Ciente então da importância da temperatura e de como este elemento pode ser determinante para o desenvolvimento da cannabis, os cultivadores precisam, portanto, prestar uma maior atenção àquilo que se pode chamar de temperatura de cultivo; a fim de garantir o melhor ambiente possível para a sua plantação.

Efeitos prejudiciais do calor excessivo

Tal como acontece com outros vegetais, a cannabis tem uma faixa específica de temperaturas na qual ela melhor se desenvolve e desenvolve as suas propriedades. No caso da temperatura de cultivo, quando muito alta, ela costuma ter impactos negativos, isto é, efeitos que prejudicam um bom resultado no cultivo da cannabis.

Diante disso, o primeiro passo para se proteger ou mesmo combater esses problemas, que se desencadeiam em virtude do forte calor, é conhecê-los. A partir daí fica mais fácil definir maneiras de minimizar os seus efeitos a fim de proteger as plantas.

Então, mais abaixo há uma lista com os desafios que o calor excessivo pode impor a uma plantação de cannabis e explicações sobre como cada um deles afeta o desenvolvimento da cannabis:

Problemas relacionados ao calor

Estresse térmico:

Temperaturas muito altas podem resultar em estresse térmico nas plantas. Isso pode levar a danos nas membranas celulares, a desorganização das estruturas celulares, ao hermafroditismo (que prejudica a colheita tanto em qualidade quanto em quantidade) e até a morte celular;

Inibição da fotossíntese:

Temperaturas muito altas também podem inibir a eficiência da fotossíntese. Isso ocorre porque altas temperaturas podem danificar as enzimas envolvidas no processo, e assim reduzindo a capacidade da planta de converter luz solar em energia;

Desnaturação de proteína:

O calor excessivo pode desnaturar as proteínas essenciais dentro da planta. As proteínas são vitais para muitas funções celulares e, quando desnaturadas, perdem sua forma funcional, de modo que isso prejudica os processos metabólicos;

Diminuição da produção de compostos medicinais:

Se as plantas de cannabis têm fins medicinais, as altas temperaturas podem levar a uma diminuição na produção dos compostos desejados, tais como os canabinoides e os terpenos. Isso pode comprometer a qualidade terapêutica;

Desidratação e estresse hídrico:

O calor excessivo aumenta a taxa de evaporação da água, o que pode resultar em desidratação e estresse hídrico nas plantas. O fechamento dos estômatos para conservar água pode afetar negativamente a troca gasosa e a absorção de nutrientes;

Mudanças nos metabólitos secundários:

O calor excessivo pode desencadear a produção de metabólitos secundários indesejados ou prejudiciais, afetando a composição química da planta;

Impactos no desenvolvimento reprodutivo:

Temperaturas muito altas podem afetar negativamente o desenvolvimento reprodutivo das plantas, interferindo na formação de flores e sementes.

Para mitigar esses impactos negativos, vale a implementação de estratégias para o controle da temperatura, especialmente em ambientes fechados. E o próximo tópico vai falar com mais detalhes sobre essas opções de controle de temperatura. Acompanhe!

Estratégias para o controle da temperatura de cultivo indoor

A respeito do cultivo da cannabis já se sabe que, entre outras demandas, ele requer uma gestão cuidadosa do ambiente para assegurar as condições ideais de crescimento. O cuidado com a temperatura de cultivo faz parte e é um fator crítico nesse processo.

Controlar a temperatura de cultivo da cannabis não apenas influencia o desenvolvimento saudável das plantas, mas também afeta diretamente a qualidade e quantidade da colheita. Essa regulação da temperatura precisa ser feita de maneira estratégica, considerando as circunstâncias que envolvem o cultivo de cada planta e usando os melhores métodos já testados.

Portanto, vamos citar aqui algumas técnicas para servir de opção a quem queira implementar o controle de temperatura de cultivo na sua plantação.

Controle da temperatura de cultivo através do VPD (Déficit de Pressão de Vapor):

O VPD é uma medida que indica a diferença entre a quantidade de umidade no ar e a quantidade de umidade que o ar pode conter quando está saturado. Isso é particularmente relevante no cultivo de cannabis.

Essa métrica, que varia conforme a fase de desenvolvimento da planta, considera a relação entre temperatura e umidade, proporcionando um indicador mais preciso das condições ideais para o cultivo.

  1. Para controlar eficazmente o Vapor Pressure Deficit (VPD) no cultivo de cannabis medicinal ou para fins recreativos, comece monitorando as condições ambientais com termômetros e higrômetros;
  2. Utilize calculadoras online para determinar o VPD ideal ao estágio de crescimento das plantas. Ajuste a temperatura e a umidade relativa conforme necessário, focando em criar um ambiente propício;
  3. Implemente sistemas de controle de clima, se estiver realizando o cultivo indoor;
  4. Certifique-se de realizar ajustes gradualmente e observe o desempenho das plantas para avaliar a eficácia das mudanças;
  5. Considere fatores adicionais, como ventilação, e refine continuamente as condições para garantir um crescimento saudável.

Técnicas e tecnologias para ambientes fechados:

1. Sistemas de ventilação:

  • Utilize ventiladores estrategicamente posicionados para promover a circulação do ar;
  • Adote ventiladores oscilantes para evitar pontos quentes e frios.

2. Sistemas de exaustão:

  • Instale sistemas de exaustão para remover o ar quente e renovar o ar fresco;
  • Controle a exaustão para ajustar a temperatura conforme necessário.

3. Ar-condicionado:

  • Implemente sistemas de ar-condicionado para manter a temperatura dentro da faixa desejada;
  • Considere unidades de ar-condicionado de ciclo dividido para melhor eficiência e controle.

Monitoramento constante e ajustes precisos:

1. Sensores de temperatura e umidade:

  • Instale sensores precisos para monitorar a temperatura e umidade constantemente;
  • Integre sensores ao sistema de automação para ajustes em tempo real.

2. Software de controle automatizado:

  • Utilize softwares especializados que permitam programar e controlar automaticamente os dispositivos de ventilação, exaustão e ar-condicionado;
  • Implemente sistemas de alerta para notificar desvios das condições ideais.

3. Ajustes graduais:

  • Faça ajustes graduais nas configurações com base nas leituras dos sensores;
  • Observe as respostas das plantas e ajuste conforme necessário ao longo do tempo.

Estratégias integradas:

Estratégias integradas:

1. Integração com Iluminação:

  • Considere a relação entre a iluminação e a temperatura, escolhendo fontes de luz eficientes em termos de calor;
  • Sincronize os ciclos de iluminação com os padrões de temperatura desejados.

2. Manutenção Preventiva:

  • Realize manutenção regular nos sistemas de ventilação, exaustão e ar-condicionado para garantir seu desempenho ideal;
  • Substitua os filtros conforme necessário para garantir a qualidade do ar.

Ao adotar uma abordagem integrada que combina o controle preciso do VPD, tecnologias avançadas e monitoramento constante, os cultivadores podem criar um ambiente de cultivo de cannabis mais estável e favorável ao crescimento saudável e à produção de alta qualidade.

Adaptações ao clima exterior

Cultivar cannabis em ambientes externos apresenta uma série de desafios, especialmente quando confrontado com variações climáticas extremas. No entanto, cultivadores astutos têm desenvolvido adaptações inteligentes para proteger suas plantas e garantir colheitas robustas. A seguir, apresentamos recomendações valiosas:

 

Análise climática:

Identifique os desafios climáticos típicos em sua região, como altas temperaturas diurnas, baixas temperaturas noturnas, chuvas excessivas ou secas prolongadas. Isso servirá para ajustar estratégias de cultivo de acordo;

Sombreamento estratégico:

Utilize sombreamento parcial, como toldos ou telas de sombreamento, para modular a intensidade luminosa e reduzir o estresse térmico das plantas;

Mulching:

Aplique cobertura morta (mulching) ao redor da base das plantas para regular a temperatura do solo, protegendo as raízes contra temperaturas extremas. Escolha materiais adequados como palha ou casca de árvore;

Rega estratégica:

Adapte o padrão de rega de acordo com as condições climáticas, evitando o excesso de umidade em períodos chuvosos e garantindo uma hidratação suficiente durante períodos secos.

Variedades de cannabis mais resistentes ao calor

Além de todas as dicas citadas anteriormente, nossa recomendação final é investir em uma variedade de cannabis resistente. Isso porque, ao escolher cuidadosamente a cepa que melhor se adapta ao seu clima local, você estará fortalecendo suas defesas naturais contra os desafios climáticos específicos.

Felizmente, embora todas as plantas de cannabis se beneficiem de condições climáticas estáveis, algumas variedades demonstram uma maior tolerância ao calor, mantendo a qualidade da produção. A fim de apresentá-las, listamos a seguir algumas das cepas conhecidas por sua resistência às altas temperaturas:

  1. Durban Poison: Originária da África, a Durban Poison é conhecida por sua resistência ao calor e pela sua capacidade de prosperar em climas mais quentes.
  2. Sour Diesel: A Sour Diesel é uma cepa energizante que, além de sua popularidade, demonstra uma notável adaptação a ambientes mais quentes.
  3. Jack Herer: Reconhecida por sua versatilidade, esta cepa tende a ser robusta em condições de calor moderado.
  4. Super Silver Haze: Uma variedade que, apesar de sua predominância sativa, demonstra resistência ao calor e bom desempenho em ambientes mais quentes.

Considerações finais sobre a temperatura de cultivo

Em meio aos desafios globais relacionados ao aquecimento do planeta e às mudanças climáticas, entender a importância do controle da temperatura de cultivo da cannabis e, mais do que isso, dominar os meios de realizá-lo na prática é um conhecimento do qual os cultivadores não podem se furtar, pois a qualidade das colheitas, principalmente se tiverem fins medicinais, depende muito desse cuidado.

O controle eficaz da temperatura de cultivo não apenas preserva a integridade da planta, mas também assegura que pacientes e consumidores continuem a ter acesso a produtos de alta qualidade e consistência. Por isso, não se deve jamais deixar de lado as práticas que promovem a resiliência, a sustentabilidade e a eficácia na produção de cannabis medicinal.

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